sábado, 13 de março de 2010

DATAS COMEMORATIVAS


TRABALHAR OU NÃO TRABALHAR? EIS, A QUESTÃO!


Bete Godoy


Tenho recebido várias perguntas de educadores que visitam o blog relacionadas as datas comemorativas, as mais recorrente são: se elas devem ou não compor o currículo na educação infantil; como a família pode participar efetivamente indo muito além da situação de expectador das apresentações feitas pelas crianças e como este assunto é tratado no cotidiano da escola.

Diante dos contínuos questionamentos partilho como temos respeitado os valores culturais, religiosos, econômicos e éticos das crianças e suas famílias sem empobrecer o trabalho pedagógico. No início do ano quando escrevemos o plano de trabalho reservamos um momento para decidir e conversar sobre algumas especifidades dos conteúdos que trabalharemos, entre eles, as datas comemorativas.

As datas comemorativas estão sempre presentes em nossas reflexões porque estamos aprendendo a lidar com novas situações de aprendizagens para compor um currículo e ampliando os saberes já construídos. Avançamos muito mas, como todo ano recebemos novos professores retomamos avaliando os avanços e dificuldades no planejamento e desenvolvimento das nossas práticas.

Alguns anos atrás era comum ver nos painéis e espaços da escola produções realizadas por professores e na sua grande maioria de E.V.A, ou de origame, isso sem contar nos kits de festa que eram reaproveitados para recepcionar as crianças e famílias marcando a comemoração de uma data comemorativa.

Quem não se lembra de ver nos murais do pátio da escola o caipira, a fogueira ao meio e a capirinha? Outra marcante é o coelhinho da páscoa com a cesta de ovos na mão. Natal, dia das mães, dia do livro, dia da árvore, dia do circo e por aí a fora.

Quando observamos os espaços e neste caso estou me referindo as paredes e murais da escola a luz de boas teorias percebemos o quanto eles revelam a nossa concepção sobre educação e desvela como cada educador traduz isso em sua prática pedagógica.
Partindo desta premissa algumas perguntas alimentaram a nossa discussão, reflexão e ação:
1-Qual a relevância deste trabalho para o desenvolvimento infantil?
2-Como respeitar a diversidade cultural das crianças e famílias?
3-Quais as possibilidades de aprendizagem e vivência?
4-Como realizar um trabalho onde as crianças possam pensar, criar e conversar sobre este assunto sem tratá-lo como mera reprodução mercadológica?
5-Como as famílias poderão participar ampliando a cultura local, partilhando seus saberes e fortalecendo vínculos com a escola?
6-Como os dados coletados na pesquisa socioeconomica realizada todo inicio de ano pode contribuir para conhecermos a cultura local?
Durante essa tempestade de idéias muitas outras questões surgiram, mas, acredito serem estas as geradoras de outras boas perguntas. Cabe a cada unidade educacional poblematizar a partir de seus saberes e fazeres.
As primeiras ações foram marcadas pelo espanto e insegurança, sair da zona de conforto (do prático mesmo que inútil) para a construção significativa para a criança exige ousadia pedagógica.

No ano de 2008 depois de muita conversa e reflexão decidimos realizar o projeto: Mulheres que fazem a diferença.
A ideia surgiu pelo interesse em levar em consideração:

  • O número significativo de crianças que são cuidadas e educadas pela avó, tia ou pessoas sem grau de parentesco. Dados apontados na pesquisa socioeconomica no inicio do ano.
  • Se existe um dia especial para a mulher é porque situações de desigualdade e de discriminação estão presentes na sociedade.
  • Conhecer e valorizar a cultura local.
  • Aproveitar para trabalhar os conteúdos conceituais e procidimentais e em especial os atitudinais.
  • Dia da mulher, das mães e do trabalho em que eles se relacionam?

Depois de organizar todas estas idéias em uma proposta de trabalho começamos a traçar os primeiros passos para coleta de material que nos auxiliasse no estudo e na pesquisa durante a formação.
As próprias crianças e mães deram dicas de mulheres que conheciam no bairro ou na comunidade escolar consideradas importantes pelo trabalho ou no fazer que realizavam. Conhecemos a curandeira, a militante, a costureira, a cuidadora de animais e de pessoas, a mãe, a dançarina, a otimista, a mais idosa e etc. Convidamos todas para vir até a escola e contar sobre suas histórias, trabalhos e desejos. Algumas conversaram com as crianças e professores e outras só com os educadores da escola. Com este material editamos um vídeo que foi apresentado no desenrolar do projeto.

Quando a entrevistada era a mãe de uma criança da turma a folia e orgulho era geral. Selecionamos imagens de mulher trabalhando nas mais diversas funções e profissões que renderam muita pesquisa e conversa entre as crianças.
Um enorme painel foi construído como produto compartilhado de algumas turmas contendo fotos, imagens e palavras que marcaram o trabalho.

Também esteve presente a leitura de biografia de mulheres que se destacaram na história e que incentivou a escrita da biografia das mulheres que fazem a diferença em nossa comunidade construindo um ambiente alfabetizador significativo. O produto compartilhado/ produto final não foi o mesmo para todas as turmas.

As datas comemorativas estão presentes em todas as culturas não estou propondo exterminá-las do nosso cotidiano e não é esse o papel da escola. Porém, pautar o trabalho pedagógico só no desenvolvimento das mesmas não se justifica uma vez que temos tantos outros caminhos interessantes e pertinentes a infância que podem proporcionar as crianças o seu pleno desenvolvimento.

Lamentavelmente algumas instituições de ensino ainda realizam atividades de passatempo onde as crianças dedicam horas pintado um desenho estereotipado além cantar, copiar ou colar bolinhas de papel sobre uma folha mimeografada/xerocada sem contar a enorme produção em série de orelhas de coelho que na verdade só revelam os equívocos dos educadores, quanto o que são boas práticas pedagógicas.

O trabalho foi tão significativo para as crianças, educadores e comunidade que no ano seguinte ( 2009) resolvemos dar continuidade ampliando a participação e redimensionando algumas ações.

Resolvemos revisitar a proposta com o desafio de planejar situações onde as artes visuais seria mais do que um caminho e sim o princípio, o meio e fim deste trabalho já que este era o nosso foco de formação daquele ano.
Contextualizar, criar repertório, oferecer condições, planejar situações, organizar ambientes e selecionar materiais foram alguns dos critérios no momento do planejamento de cada ação. O projeto foi elaborado e cada professor planejou para sua turma situações de vivências e aprendizagens em que as crianças e as famílias pudessem participar de experiências artísticas.




Em 1938, o grande pedagogo americano John Dewey insistia que a atividade não pode constituir experiência por ser "dispersiva", centrífuga, efêmera. Experiência não significa apenas o ato de experimentar, mas de também de passar por, de tentar realizar. Cada experiência deveria preparar uma pessoa para experiências posteriores mais profundas e abrangentes.


O trabalho que realizamos é o de entrelaçar os pontos de vista. Partimos do próprio background cultural das crianças , familia e professores. Essa postura pedagógica faz uma enorme diferença na construção do currículo da escola.

Ressalto que não paramos de desenvolver outras situações de aprendizagens para ficar apenas na realização deste trabalho, mas que ele foi "distribuído/organizado" nas propostas da semana tendo uma continuidade no seu período de execução e que outros projetos também foram elaborados durante o ano como : Belezas do Brasil ( já publicado no blog), A criança e o idoso. O caminho de uma vida e Respeito e Consideração a todos os seres.

Este painel foi utilizado em outro projeto desenvolvido

na escola cujo tema foi: Belezas do Brasil- o Artesanato.

A apresentação a seguir conta um pouquinho da rica experência em um dos trabalhos em realizados na escola durante uma oficina com materiais convencionais e de largo alcançe.


A CAPACIDADE DE CRIAR DA MULHER

Para saber mais:

1-Priolli, Julia.Equívocos em série.Revista Nova Escola. Junho de 2008.

http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador-pedagogico/equivocos-festas-escola-447945.shtml

2-Tonucci, Francesco. Com olhos de criança. Editora Artmed

3-Revista Avisa Lá. O que dizem as paredes da escola.

4-Dewey, John. Experience and education. P163

5-Um currículo além das datas comemorativas. Belezas do Brasil-Festa Junina

http://paraalmdocuidar-educaoinfantil.blogspot.com/2009_06_01_archive.html

6-Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. MEC-Brasil

sexta-feira, 12 de março de 2010

Lavai as mãos!


Dr Drauzio Varella

Através delas transmitimos as piores infecções.De todas as recomendações maternas, a de lavar as mãos talvez seja a mais desobedecida. Parece pirraça.
Na agitação de hoje, lavar as mãos antes de pegar nos alimentos virou luxo, esquisitice de gente cismada, mania de hipocondríaco. É só entrar numa lanchonete da cidade, botequim de bairro ou restaurante caro e contar quantos tomam tal precaução higiênica antes de atacar o hambúrguer, a batata frita ou o pãozinho com patê. Na hora das refeições, a mão suja é universal, irmana trabalhadores braçais, moças bonitas e senhores de gravata.
No entanto, se todos lavassem as mãos com água e sabão (qualquer sabão) antes de manipular os alimentos muitas doenças seriam evitadas. Perderíamos o medo de comer empadinha em padaria, pastel de feira, espetinho de camarão na praia e os tradicionais salgadinhos expostos em todos os bares brasileiros, que a religiosidade do povo houve por bem batizar de "Jesus me chama".
Nada ilustra melhor a eficiência das mãos na disseminação de infecções do que as gripes e resfriados. A pessoa chega na festa e avisa: "Não me beijem que estou gripada", e sai apertando a mão de todos os convidados. Seria muito melhor que desse o rosto a beijar; na face o vírus não está. Em compensação, as mãos estão repletas dele: quem fica gripado assoa e coça o nariz o tempo todo. Como conseqüência, os incautos que apertaram a mão infestada, ao coçar o nariz ou os olhos semearão as partículas virais diretamente nas mucosas.
É possível que sejamos tão renitentes em lavar as mãos porque vírus, fungos e bactérias são seres tão minúsculos que, no fundo, não acreditamos na existência deles. Fica um pouco chato, entretanto, manter essa descrença mais de 300 anos depois da descoberta do microscópio.
Quando os ingleses aprenderam a acoplar lentes de aumento e construir microscópios rudimentares, ficaram interessados em enxergar o que era pouco visível: a cabeça dos mosquitos, a boca das abelhas ou os buracos existentes num pedaço de cortiça (de onde surgiu a palavra célula).
Em 1683, na Holanda, Antony van Leeuwenhoek, um dono de armarinho que se distraía montando lentes quando não havia fregueses, focalizou o microscópio para investigar o que nenhum cientista havia procurado. Em vez de usá-lo para magnificar pequenos seres conhecidos, Leeuwenhoek decidiu explorar o invisível: o que haveria no interior de uma gota de chuva?
O que seus olhos viram deixaram-no tão maravilhado, que escreveu uma carta para a Sociedade Real de Londres, a mais importante associação científica daquele tempo: "No ano de 1675, descobri pequenas criaturas na água da chuva colhida numa tina nova pintada de azul por dentro... esses pequenos animais, a meu ver, eram mais de 10 mil vezes menores do que a pulga d´água que se pode enxergar a olho nu..."
Essa demonstração cabal de que em ciência fazer a pergunta certa, às vezes, é mais importante do que buscar respostas, abriu as portas para o mundo das bactérias.
Duzentos anos depois de Antony van Leeuwenhoek, um cientista francês que não era médico, Louis Pasteur, visitou necrotérios para estudar por que tantas mulheres, que davam à luz, morriam de febre após o parto. Nas amostras de sangue e de secreções colhidas no útero dessas mulheres, identificou as pequenas criaturas descritas pelo holandês.
Uma noite, em 1879, numa reunião da Academia de Paris, um obstetra descartou com desprezo a hipótese de que a febre pós-parto fosse provocada por bactérias. Pasteur interrompeu: "A causa dessa doença são os médicos, que levam germes da paciente doente para a sadia".
Mais recentemente, a importância de esfregar as mãos com água e sabão foi bem caracterizada nas unidades de transplante de medula óssea. Nesse tipo de transplante, as defesas imunológicas ficam arrasadas por vários dias e o doente se torna vulnerável aos germes que o cercam.
Quando surgiram as primeiras unidades de transplante nos Estados Unidos, nos anos 80, para entrar no quarto do paciente era preciso colocar luva, gorro, máscara, avental e proteção para os pés. Além disso, de uma das paredes vinha um fluxo de ar contínuo que passava pela cama do doente e saía pela porta permanentemente aberta. Todos os que entravam no quarto eram proibidos de ficar entre a cama e essa parede, para impedir que a corrente de ar levasse os germes do visitante para o doente.
A experiência mostrou que tais medidas eram dispendiosas e descabidas. Hoje, nas unidades de transplante, pode-se chegar com a roupa da rua, mas é obrigatório lavar as mãos ao entrar e sair do quarto do transplantado, não importa o que o visitante tenha ido fazer lá dentro.
Uma medida tão simples como a lavagem das mãos tem grande importância em saúde pública. Por exemplo, se fosse possível convencer todos os que trabalham nos hospitais - principalmente médicos e enfermeiras - de que antes e depois de pegar numa pessoa doente as mãos precisam ser lavadas, estaria decretado o fim das infecções hospitalares. Se conseguíssemos ensinar as mães a tomarem o mesmo cuidado antes de tocar em qualquer coisa que vá à boca do bebê, talvez acabasse a mortalidade por diarréia infantil no país.

Extraido do site: http://www.drauziovarella.com.br/artigos/infeccoes.asp

Para saber mais:

http://paraalmdocuidar-educaoinfantil.blogspot.com/2008/10/seqncia-didtica-lavar-as-mos-bi.html

Os Fazeres na educação Infantil / Organizadoras Maria Clotilde Rossetti-Ferreira et - 2 ed rev ampl. - São paulo: Cortez, 2000

Creche e pré-escola: uma abordagem de saúde/ Org. Lana Ermelinda da Silva dos Santos. São Paulo: Artes Médicas, 2004

terça-feira, 9 de março de 2010

Educação Infantil, lugar de aprendizagem

Como organizar os espaços da creche e da pré-escola e integrá-los à rotina pedagógica





Click no endereço para ver as fotos.

http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/gestao/creche-pre-escola-ambientes-lugar-ideal-538783.shtml

Para os pequenos, quase tudo na vida é brincadeira. Por isso, na Educação Infantil, não faz sentido separar momentos de brincar dos de aprender. Essa simultaneidade pede que espaços e rotina da escola sejam planejados de modo a proporcionar multiplicidade de experiências e contato com todas as linguagens, o tempo todo. Sem abrir mão, é claro, dos cuidados com segurança e saúde.
É nesse ambiente de aprendizagem que as crianças vão socializar-se e ganhar autonomia. “Dentro do espaço da Educação Infantil é necessária a integração entre o educador, o planejamento pedagógico e a organização dos lugares, que funcionam como mais um elemento educativo, como se fossem um professor a mais”, explica Elza Corsi, formadora do Instituto Avisa lá, de São Paulo.
Com essa concepção, que vai muito além da visão assistencialista, órgãos como Ministério da Saúde e Ministério da Educação prepararam documentos para orientar a organização dos espaços nesse segmento. Nas próximas páginas, você conhece essas indicações e entende como elas se relacionam com a rotina pedagógica na Educação Infantil.
Continue lendo

http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/gestao/educacao-infantil-lugar-aprendizagem-creche-pre-escola-espacos-ambientes-538590.shtml

Fonte: Revista Nova Escola (eletrônica)

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA

Educação Infantil: Muitos Olhares. Zilma Tamos de Oliveira (org.). Editora Cortez, 2007.

Educação Infantil: Creches. Anete Abramovicz e Gisela Wajskop. Editora Moderna, 1999.

Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento. Gilda Rizzo. Bertrand Brasil, 2000.

Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil. MEC, 2006.

Portaria nº 321, de 26 de maio de 1988 – Normas da Vigilância Sanitária para construção de escolas de Educação Infantil.Manual de Boas Práticas – Higiene e Cuidados com a Saúde na Educação Infantil. Prefeitura de São Paulo e COVISA, 2008.

CONSULTORIA

Zilma Ramos de Oliveira, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo, especialista em creche e em Sociointeracionismo

Damaris Maranhão e Elza Corsi, formadoras do Instituto Avisa Lá de São Paulo.

AGRADECIMENTOS

CEI Jardim Rodolfo Pirani, São Paulo, SP, tel. (11) 2751-4896

EMEI Profª Maria Alice Pasquarelli, São José dos Campos, SP, tel. (12) 3929-1854

IMI João Lopes Simões, São José dos Campos, SP, tel. (12) 3931-0194