terça-feira, 8 de maio de 2012

LITERATURA INFANTIL


ENTREVISTA COM  Bete Godoy
outubro de 2011


Continuando a conversa...

Sempre que uma atividade intelectual se manifesta por intermédio da palavra, cai, desde logo no domínio da Literatura. A literatura, porém, não abrange apenas, o que se encontra escrito, se bem que essa pareça à maneira mais fácil de reconhecê-la, talvez pela associação que se estabeleça entre “literatura” e “letras”.

A literatura precede o alfabeto. Os iletrados possuem sua literatura. Os povos primitivos alheios às disciplinas de ler e escrever, também compunha seus cânticos, suas lendas, suas histórias, exemplificando sua experiência e sua moral com provérbios, adivinhações, representações dramáticas transmitidos de memória em memória e de boca em boca.

As primeiras obras infantis surgiram no final do século XVII, mas é a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias e deveria receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta. O escritor francês Charles Perreault realizou a coleta de contos populares e foi o responsável pelo primeiro surto de literatura infantil (Contos de Fada).

As obras literárias deste período assumiram o papel de distração e mercadoria, por serem manipuladas pela burguesia que produzia livros com conceitos visando moldar as crianças segundo os seus interesses financeiros; mas no decorrer dos anos, a Literatura Infantil passou a ser vista sob um novo aspecto.

No Brasil, a Literatura Infantil só chegou ao final do século XIX. A literatura oral prevaleceu até esse período com o misticismo e o folclore das culturas indígenas, africanas e européias. Carlos Jansen e Alberto Figueiredo Pimentel foram os primeiros brasileiros a se preocuparem com a literatura infantil no país, traduzindo as mais significativas páginas dos hoje considerados "clássicos" para a garotada. Com Thales de Andrade, em 1917, é que a literatura infantil nacional teve início. E foi em 1921 que nosso grande Monteiro Lobato estreou com "Narizinho Arrebitado", apresentando ao mundo Emília, a mais moderna e encantadora fada humanizada.
No entanto, só após a década de 70 houve um grande desenvolvimento da literatura para crianças com a entrada de grandes editoras no mercado.

O livro infantil é, então, relativamente recente. È preciso esclarecer de que livro está se falando, pois nessa categoria se incluem os livros de aprender a ler, os livros das diferentes disciplinas escolares; os que não são caracterizados pela aprendizagem formal; os livros sem palavras, os chamados álbuns de gravuras, que representam uma comunicação visual pelo desenho-anterior as letras.

A literatura é um agente formador por excelência, então o professor precisa estar atento às transformações do momento e reorganizar seu próprio conhecimento ou consciência de mundo.

Cada época compreendeu e produziu literatura a seu modo, conhecer a literatura que cada época destinou as crianças e jovens, é conhecer os ideais e valores que fundamentam a sociedade, sem essa critica qualquer ação educativa é sustentáculo da condição de alienação.

Disse Hitler: ”num país onde há muitos escritores e poetas, não há prosperidade”, e Cecília Meireles, “a literatura não é, como tantos supõem, um passatempo. È uma nutrição”. Poetas e escritores fazem parte de um universo de cultura muito amplo: a literatura.

A Literatura é a expressão do belo, fenômeno de criatividade que representa o mundo, homem, a vida, através da palavra, portanto é arte. È um instrumento de difusão de valores pessoais, coletivos, morais, sociais, enfim, é uma expressão “da alma” de alguém face ao mundo.

O que se propõe como princípio que deve orientar o fazer pedagógico é que, entrar no universo da leitura e escrita é operar com signos e significados dentro de um mundo pleno de valores e de sentidos historicamente produzidos e socialmente marcados. Para Luiz Percival Leme de Brito quando se pensa em um sujeito autônomo supõe por em questão as formas de dominação.

PARTE 1



PARTE 2


O desafio da educação infantil é construir bases para que as crianças possam desenvolver-se como pessoas plenas e de direitos e, assim participar da cultura escrita. Ser pessoas desejosas de embrenhar-se em outros mundos possíveis que a literatura nos oferece, dispostas a identificar-se com os outros semelhantes ou solidarizar-se com o diferente e capaz de apreciar qualidade literária.


PARA SABER MAIS:

-RAMOS,Maria Cecília Mattoso.Exploração da literatura infantil e juvenil em sala de aula.São Paulo,Editora Moderna.

-MEIRELES,Cecília.Problemas da literatura infantil.Rio de Janeiro,Editora Nova Fronteira.

-LAJOLO,Mariza e ZIBERMAN,Regina.Literatura infantil brasileira.São Paulo,Editora Ática.

-COELHO,Neli Novaes.Literatura infantil:teoria,análise e didática.São Paulo,Editora Moderna.

-REGO,Lúcia Browne. Literatura infantil uma nova perspectiva da alfabetização na pré-escola.São Paulo FTD.

-LERNER, Délia. Ler na escola. O real, o possível e o necessário. São Paulo. Artmed.

-FARIAS, Ana Lúcia G e Mello, Sueli Amaral. Linguagens Infantis e outras formas de leitura. São Paulo. Autores Associados.

Nenhum comentário: