Ensaios comentados
Democracia e Educação – Capítulos
Essenciais, John Dewey, 136 pág., Ed Ática

Trecho do livro
“ Toda Educação que desenvolve o poder de
compartilhar efetivamente a vida social é moral (...).
O interesse em aprender com todos os
contatos da vida é o interesse moral essencial”
Marcus
Vinicius da Cunha, autor desta resenha, é docente da Universidade de São Paulo
(USP)
Conheci
Democracia e Educação há pouco mais de 20 anos, quando cursava o doutorado na
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Desde então, o que
mais me impressiona no livro são suas muitas possibilidades de leitura. Essa característica
explicita as diversas interpretações do pensamento de John Dewey (1859-1952)
que vigoraram na Educação desde o século passado (o livro é de 1916). A
influencia de Dewey foi notada também no Brasil, onde a obra foi publicada pela
primeira vez na década de 1930 – tendo entre os tradutores Anísio Teixeira
(1900-1971).
Demorei alguns
anos para formular uma explicação compreensível dessas várias leituras. Tive a
oportunidade de registrá-las em algumas publicações e, mais tarde, fui
convidado a fazer os comentários de uma reedição do volume.
A
interpretação mais comum é a que permite apreender uma série de sugestão para
inovar a Educação, tornando o ensino dirigido pela experiência. Trata-se de uma
leitura “pedagógica”, muito útil a professores que desejam refletir sobre suas
práticas. Aprendemos com Dewey que os objetivos da Educação devem ser
compartilhado entre alunos e professores e que o ensino precisa levar à
reflexão.
Uma segunda
leitura, que podemos denominar “sociológica e histórica”, permite entender que
as inovações sugeridas por ele só se tornam efetivas em uma sociedade
democrática. E que democracia é, mais do que uma forma de governo, um modo de
vida em que os grupos sociais têm liberdade para defender seus interesses em
busca de consensos. O autor defende que nunca houve uma sociedade assim, o que
impede a realização da democracia e o pensar reflexivo.
As duas
primeiras leituras completem-se com a interpretação filosófica. Dewey nos mostra que o conhecimento deve ser
visto como investigação e busca continua pelo que se dá significado e direção a
futuras experiências – e não o que se isola no interior da mente. Já a moral,
para ele, é o conjunto de disposições que se prestam ao enfretamento dos
impasses da vida prática – e não o que nos aliena do mundo por meio de dogmas,
servindo à satisfação individual ou do professor. Deste modo, Dewy defende a
necessidade de transformar nossas concepções sobre esses dois conceitos para,
assim, conquistarmos uma nova Educação.
Revista Nova
Escola
Ano XXVII.
Nº255 – Setembro de 2012
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